O Barril parte 2

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Os dois foram para fora, o motorista do caminhão de entregas esperava por eles. Abrindo a porta traseira ele mostrou o que viera entregar. Era um barril gigante de cachaça, tinha mais ou menos três metros de altura e outros quatro de comprimento.

“Vai ter muito pra beber ai doutor. Onde querem essa belezoca?”

“Você tem o nome do remetente?”

O homem entregou uma prancheta para Fernando e pediu que assinasse o recibo. Fernando gelou, pois achou muito estranho. O barril foi enviado por Diego no dia em que ele se matou. Por fim pediu ao motorista que colocasse no saguão de festas que com ajuda de uma máquina não se demorou.

Apesar de não beber bebidas alcoólicas por causa dos remédios ele apreciou o presente do amigo. Seu pai dava muitas festas e com certeza os convidados iriam gostar da bebida, pois ele sabia que era de qualidade.

Desde a chegada do barril coisas estranhas se passavam na casa que até então era bem calma. Luzes acendendo sozinhas, portas trancando pessoas dentro de quartos e o mais terrível, uma empregada contou que havia visto um fantasma caminhando pela casa. Os empregados da casa até diziam entre si que Fernando era o culpado dos fenômenos e além de louco estava possuído. Ele por sua vez estava cada dia pior. Dormia escutando musica alta e evitava conversar com as pessoas. A depressão, angustia e um sentimento de peso no corpo o deixavam mal humorado e triste. A vontade de suicídio uma vez mais retornou e a cada dia ele lutava para não concretizar o atentado. O pesadelo que tivera retornava diariamente.

Certa noite Fernando estava deitado em sua cama relembrando do hospício quando sentiu um calafrio e escutou um suspiro vindo da porta de seu quarto. O terror tomou conta de sua mente, mas ele não conseguiu gritar, sua voz estava presa na garganta e ele estava sufocando. A mulher de seus pesadelos estava ali com ele. Sua aparência não era nada agradável. Seus cabelos negros e pele pálida estavam molhados. Ela estava vomitando e sufocando com o próprio vomito enquanto andava em direção a Fernando que sentiu algo lhe tocar os pés. O terror aumentou mais, pois duas mãos agarraram seus pés, o rosto da pessoa estava disforme, mas ele pode ver que era um homem e também vomitava. Os dois se aproximavam de Fernando lentamente, a expressão em seus rostos era ao mesmo tempo de ódio e suplica.

“O que vocês querem?”

“Ajuda...Aju.” – disse o homem enquanto se sufocava com o próprio vomito.

Em milésimos de segundos a cena desapareceu e Fernando estava só em seu quarto uma vez mais. Seu corpo tremia e notou que tinha urinado. Começou a chorar, pois pensava ter caído na loucura uma vez mais. Alguém tocou na porta e entrou, era seu pai, tinha escutado seu choro e foi ver o que era. Fernando lhe contou a história e seu pai escutou tudo calado.

“Nossa filho, isso ta parecendo mais uma história de terror. Espero que você não esteja assistindo filmes assustadores, o médico disse que não é bom.”

“Pai eu estou bem, tomo meus remédios todos os dias e nem gosto de filmes ou histórias de terror, minha mente não esta fantasiando.”

“Não pensa que esteja vendo fantasmas não é?”

“Não sei, parecem muito reais. Eu já tive centenas de alucinações, mas essas são diferentes. E tem outra coisa, aquele barril no saguão de festas, algo me intriga. Comecei a ter esses pesadelos desde que ele chegou.”

“Coincidência filho, o barril chegou um dia depois de você. De qualquer maneira em alguns dias ele vai estar vazio e eu mando jogar ele fora. Em todas as festas ou reuniões os convidados adoram a bebida e ele já esta pela metade. Na próxima semana eu vou dar aquela festa anual da empresa, tenho certeza que a bebida vai acabar. Tira essas coisas da sua cabeça, amanhã cedo vamos ver seu médico.”

Na manhã seguinte os dois foram ao médico que receitou alguns medicamentos extras, mas não quis voltar a internar Fernando. Disse ainda que pelos resultados dos exames Fernando se encontrava em ótima condições mentais e que as alucinações eram inexplicáveis por isso optou em dar-lhe mais remédios.

Chegou o dia da festa anual da empresa de seu pai e Fernando estava animado com o movimento da casa, pois os empregados estavam ocupados com os preparativos. Já eram cinco da tarde e ele estava observando as pessoas indo e vindo do salão carregando bebidas e comida. Sentiu um cansaço repentino e decidiu ir descansar um pouco antes da festa.

“Você vai participar da festa filho?” – perguntou seu pai se aproximando.

“Claro, quero conhecer seus empregados. Depois de tanto tempo muitos devem ter mudado.”

“É verdade, a maioria não te conhecem.”

“Eu vou ir deitar um pouco antes da festa estou me sentindo muito cansado. Eu sei que a festa esta marcada para as sete da noite, mas comecem sem mim, vou descer ali pelas nove.”

“Não tem problema.”

Fernando foi para seu quarto, deitou-se e dormiu imediatamente após sua cabeça tocar o travesseiro, sentiu um frio repentino e cobriu-se inconscientemente. Não pode ver os dois fantasmas olhando para ele enquanto dormia. Um de cada lado da cama o observando seriamente.

“Isso já foi longe demais, hoje serei clara e direta e ele vai ter que fazer o que agente quer.” – Disse a mulher olhando seu parceiro que somente respondeu balançando a cabeça em sinal positivo.

Horas depois Fernando acordou com alguém gritando seu nome. O quarto estava escuro, iluminado apenas com a luz fraca passando pela cortina que cobria a janela. Tateou o criado mudo ao lado de sua cama até tocar a porcelana fria de seu abajur e enfim o botão para acendê-lo. Ainda um pouco sonolento olhou para o outro lado da cama de onde veio o grito. Ele gritou intensamente ao ver que em seu quarto estava o barril e seu amigo Diego sentado em cima dele.
 
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